Rússia está espionando os cabos submarinos na costa de Portugal; VEJA E ENTENDA

Casas sem Internet, telemóveis sem redes sociais, hospitais sem conseguirem operar e economias com crises brutais. Parece um cenário de apocalipse, mas as ameaças constantemente feitas pela Rússia tornam este cenário algo a imaginar. “Se comprovarmos a cumplicidade do Ocidente na sabotagem dos gasodutos Nord Stream, então não teremos constrangimentos – nem mesmo morais – que nos previnam de destruir os cabos de comunicação dos inimigos.” O aviso é do vice-presidente do Conselho de Segurança da Federação Russa, Dmitry Medvedev, um dos mais próximos aliados de Vladimir Putin.

Esta é uma das ameaças presentes na costa portuguesa, por onde têm passado inúmeros navios com bandeira da Rússia, grande parte deles para recolher informações – o próprio chefe do Estado Maior da Armada, o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, confirmou a espionagem sobre os cabos a 16 de março. Um cenário que coloca em alerta não só as autoridades portuguesas, mas as de todo o mundo: a Portugal estão (ou vão estar) ligados 14 cabos submarinos, incluindo o maior do mundo.
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Uma tecnologia que é responsável por quase 100% das comunicações feitas em todo o mundo. Isso significa que as redes que utilizamos para trabalhar, em casa ou no escritório, muitas das comunicações via WhatsApp ou outras redes sociais e grandes transações financeiras estão dependentes do que passa por estes cabos. E grande parte dessas comunicações passam pela nossa Zona Económica Exclusiva: cerca de 10% a 15% dos cabos de todo o planeta passam por esta área. Em paralelo, a ANACOM explica que são os cabos submarinos que asseguram praticamente 100% das ligações de Portugal ao resto do mundo, numa relação que deverá intensificar-se com a chegada do 5G (e depois do 6G), segundo a Autoridade Reguladora das Comunicações.
A especialista em Relações Internacionais Sabrina Medeiros, que elaborou o relatório “Cabos submarinos e segurança cibernética no Atlântico” para o Ministério da Defesa, explica à CNN Portugal que esta é uma questão que tem emergido nos últimos tempos, sendo que Portugal aparece como um parceiro estratégico crucial para todo o mundo. Não só tem os cabos que lhe chegam, como pela Zona Económica Exclusiva passam ainda vários outros que ligam a Europa aos Estados Unidos. “Os cabos sempre foram uma infraestrutura crítica, mas não havia uma grande atenção até à digitalização”, nota, explicando a dimensão de um ataque: “Um ataque a uma plataforma de petróleo atinge apenas a plataforma ou a base de produção. O ataque a uma infraestrutura crítica como um cabo submarino pode atingir outras infraestruturas em cadeia. Há um efeito dominó, que existe por causa da digitalização.”
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O diretor de Cibersegurança da agap2IT, empresa portuguesa que opera na área dos Sistemas de Informação, garante à CNN Portugal que o rompimento de um cabo não significa automaticamente um corte de ligação à Internet. Marcelo Nascimento refere que existem mecanismos de segurança que podem ser ativados neste cenário, permitindo que as ligações continuem, desde que o problema no cabo não seja demasiado grave. “Não ficamos totalmente sem Internet, existem contingências. O plano parte da premissa que existem outras formas de obter a informação, e os satélites são uma dessas formas. A informação do Waze, por exemplo, não chega por cabo submarino”, explica o engenheiro informático. E o mesmo acontece quando utilizamos os dados móveis dos nossos telemóveis.
Por: CNN