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SETEMBRO AMARELO – Casos de suicídio caem em MT, mas quebra de tabu ainda é necessária

Segunda maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos no mundo inteiro, o suicídio ainda é um tabu na nossa sociedade. E a prevenção efetiva vai além da busca individual pela manutenção de uma boa saúde mental, passando pela necessidade de se falar sobre o assunto e, principalmente, de não ter vergonha de pedir ajuda. Em Mato Grosso, apenas este ano foram registrados 122 casos de suicídio. O número não leva em conta casos não notificados e, apesar de demonstrar queda quando comparado com os dados oficiais dos anos anteriores, não deixa de ser um número preocupante por representar vidas que ainda são perdidas pela indiferença e egoísmo dos tempos hodiernos.

Apenas nos últimos dias, três casos registrados na Grande Cuiabá ganharam repercussão. Uma mulher cometeu suicídio em um estande de tiro na Capital, enqaunto uma adolescente se matou dando um tiro na própria cabeça dentro da sua casa, em Várzea Grande. Uma policial militar também acabou morrendo vítima da mesma circustância, em Cuiabá.

Conhecido como o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, o dia 10 de setembro é um marco no mês dedicado a dezenas de campanhas de conscientização pelo chamado “Setembro Amarelo”. A data é um reforço necessário. Isso porque dados divulgados em julho deste ano pelo DataSUS apontam que o número de casos de suicídio no Brasil subiu de 7 mil para 14 mil nos últimos 20 anos, resultando em mais de um suicídio cometido a cada hora, sem contar casos não notificados.

Em Mato Grosso, dados da Secretaria de Saúde de Mato Grosso apontam que o suicídio é quarta principal causa de óbitos entre mulheres no Estado e o terceiro motivo entre os homens. Com maior número de casos, a Baixada Cuiabana, que abriga 29,5% da população mato-grossense, concentra 26,6% dos casos de suicídio no Estado.

Arte: Geovanna A. Torquato

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Importância de um “ombro” amigo

Especialistas apontam que um dos principais fatores que acomete as vítimas passa a ser a sensação de solidão, inimiga sorrateira que ilude e invade qualquer um durante a monotonia do cotidiano. A rotina de acordar, se alimentar, estudar ou trabalhar, voltar para casa e dormir acaba por agitar e cansar as mentes daqueles que não acabam por não ter tempo para compreenderem a si mesmos. A partir daí, não é preciso muito para que uma pessoa passe a pensar que a sua vida já não vale a pena.

O Centro de Valorização da Vida (CVV) atua no combate ao suicídio desde 1962 e ganhou maior adesão com a  gratuidade da telefonia. Voluntário, Carlos Latterza salienta a importância de uma escuta atenta às pessoas que procuram ajuda. “As pessoas procuram o CVV porque não procuram pessoas à sua volta para conversar sobre aquilo que estão sentindo. Elas ligam porque se sentem sozinha e por perdas diversas. Elas sempre vão encontrar um dos nossos voluntários treinados para auxiliar no momento difícil que ela esteja passando”, diz.

Reprodução/CVV

Mat�ria suic�dio

O Centro de Valorização da Vida atendeu, apenas em 2021, mais de 3,6 milhões de ligações

Em 2021, o CVV atendeu mais de 3,6 milhões de ligações durante seus plantões. As ligações são todas gratuitas, sigilosas, anônimas e não são gravadas pela instituição. Os voluntários, por sua vez, recebem uma capacitação de 12 semanas que os direciona para uma escuta atenta, sem julgamentos e que facilite o desabafo, buscando aliviar a tensão de quem liga.

Atento aos sinais

Ele salienta que uma pessoa que já não enxerga sentido na vida que leva e que, ainda que de forma discreta, vê o suicídio como uma opção para sanar o sofrimento, pode apresentar sinais de seu planejamento. Como exemplo, cita que o indivíduo passa a demonstrar cansaço emocional; não procura mais relacionamentos e isola-se com facilidade e apresenta problemas de sono.

Além disso, o agravamento de distúrbios mentais pode acarretar a perda de sentido; há ainda problemas sociais, como bullying, perda de emprego ou um luto prolongado; perda de energia; tristeza constante; baixa autoestima. Por fim, frases como “tenho vontade de sumir” e “queria nunca mais acordar” também devem ser levadas em conta na hora de identificar o que a pessoa está passando.

A montagem de uma rede de apoio é uma das principais ferramentas que podem ser usadas na prevenção de casos de suicídio. “Reparando nos sinais, é importante que se pergunte a pessoa se ela quer ajuda e permitir que ela se abra, desabafe, conte o que ela sente e ajudá-la a ir até um profissional”, detalha Latterza.

Como ajudar

Para se tornar um voluntário no CVV, basta se inscrever no site do CVV clicando aqui. Os voluntários do CVV operam 24h e estão disponíveis no número 188.

Outra alternativa para conseguir ajuda é procurar um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) para atendimento especializado na rede pública. Confira o mais próximo de você aqui.

Fonte: RD News

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