Partidos pedem destituição do presidente do Peru

Martín Vizcarra é acusado de ter pedido que funcionários mentissem em investigação; Congresso pode votar nesta sexta-feira o afastamento dele
LIMA – Seis dos nove partidos com representação no Congresso peruano apresentaram na noite de quinta-feira uma moção para destituir o presidente Martín Vizcarra por suposta “incapacidade moral”, num processo que começará a ser debatido nesta sexta-feira. Gravações apresentadas no Congresso mostram Vizcarra pedindo que funcionárias mintam em uma investigação parlamentar. O presidente enfrenta a pior crise política de seu governo.
Assinada por 95 parlamentares, a moção busca “declarar a vacância da presidência da República e consequentemente a aplicação do regime de sucessão estabelecido no artigo 115 da Constituição do Peru”. O documento foi apresentado após Vizcarra fazer um comunicado à nação, no qual ele negou atos ilegais e denunciou uma conspiração parlamentar contra a democracia.
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– Que as Forças Armadas, que os cidadãos, tenham a segurança de que agiremos no estrito cumprimento da ordem constitucional – disse o presidente do Congresso, Manuel Merino, após receber a moção e convocar o parlamento para debater a sua admissão na sexta-feira.
O próprio Merino assumirá a presidência caso a moção seja aceita. O partido dele, a Ação Popular, é um dos signatários do pedido de afastamento.
São necessários apenas 52 votos para a moção seja para debate, o que inicia um processo formal de impeachment a ser votado em quatro dias. No entanto, a votação final poderá ocorrer nesta sexta-feira se a oposição a Vizcarra reunir 104 votos, de um total de 130 parlamentares, o que não é certo.
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O Congresso precisa de 87 votos para remover Vizcarra, que não tem partido nem bancada.
O congresso fragmentado é dominado por uma aliança de quatro partidos populistas: Aliança para o Progresso, Ação Popular, União pelo Peru e Podemos. Além deles, o Força Popular e o Somos Peru também apoiaram a moção.