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AstraZeneca suspende testes de vacina contra a Covid-19 após reação adversa

Paralisações do tipo são comuns em testes clínicos, e o anúncio não significa de antemão que o teste da vacina possa ter sido comprometido. Testagem está sendo feita com voluntários no Brasil

O Globo

08/09/2020 – 19:37
/ Atualizado em 08/09/2020 – 20:35

Argentina e México produzirão vacina da AstraZeneca contra Covid-19 para América Latina Foto: Dado Ruvic / Reuters

SÃO PAULO — A farmacêutica AstraZeneca confirmou nesta terça-feira que fará uma pausa no estudo de sua vacina de Covid-19, que desenvolve em parceria com a Universidade de Oxford, após um dos voluntários do teste ter sofrido um episódio de reação adversa no Reino Unido. A vacina está em teste também com voluntários no Brasil. A divisão brasileira da AstraZeneca e a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) ainda não se pronunciaram sobre o assunto. Mais cedo, Eduardo Pazuello, ministro interino da Saúde, havia dito que a intenção do governo brasileiro é começar a vacinação em janeiro de 2021.

A informação sobre a pausa foi noticiada pelo site de conteúdo médico STAT, ligado ao jornal Boston Globe, com base em fontes de informação anônimas. Mais tarde, a empresa confirmou que fará a interrupção em nota enviada a diversos veículos de imprensa de língua inglesa, como a rede de TV NBC e o jornal Financial Times.

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“Como parte de um teste controlado, randomizado global da vacina de coronavírus de Oxford, nosso procedimento padrão de revisão desencadeou uma pausa na vacinação para permitir a revisão de dados de segurança”, disse a AstraZeneca no comunicado. “Esta é uma ação de rotina que precisa ocorrer sempre que há problema de saúde inexplicado em potencial em um dos testes, enquanto é investigado, garantindo a manutenção da integridade dos testes”, continua no comunicado.

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Em junho, o Ministério da Saúde anunciou um acordo com Oxford para a produção inicial de 30,4 milhões de doses da vacina contra Covid-19, com investimento de US$ 127 milhões. O primeiro lote goi anunciado para dezembro e o segundo em janeiro pela Bio-Manguinhos, laboratório da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).

Mais cedo, ainda nesta terça, o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, disse que a intenção do governo brasileiro é começar a vacinar as pessoas a partir de janeiro do ano que vem. A declaração foi dada durante reunião ministerial a uma youtuber mirim que foi convidada pelo presidente Jair Bolsonaro para conversar com os ministros.

— Vai ter vacina e remédio pra todo mundo ou não vai? — perguntou Esther, de 10 anos.

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— Esse é o plano. A gente tá fazendo os contratos com quem está fazendo a vacina e a previsão é que essa vacina chegue para nós a partir de janeiro. Em janeiro do ano que vem, a gente começa a vacinar todo mundo — disse.

“Cautela em abundância”

O imunizante de Oxford é um dos nove que já estão em testes de fase 3 (avaliação de eficácia em voluntários humanos) no mundo.

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Segundo o STAT, ainda não se sabe a natureza da reação adversa que teria ocorrido nem quando ela teria ocorrido. Uma fonte do jornal afirmou que a paralisação ocorre por “cautela em abundância”.

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Paralisações do tipo são comuns em testes clínicos, e o anúncio não significa de antemão que o teste da vacina possa ter sido comprometido. No Brasil, pelo menos 5 mil voluntários da área de saúde participam do estudo, 2 mil deles apenas no estado de São Paulo.

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As ações da AstraZeneca tinham fechado em alta de 2,11% na Bolsa de Valores de Nova York nesta terça, mas nas negociações de after-hours (após horário comercial) registraram queda de 6,5%.

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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou que já recebeu uma mensagem da AstraZeneca, que comunicou a interrupção dos estudos a todos os países participantes dos testes. Em nota, órgão brasileiro afirmou que vai aguardar mais informações do laboratório para se pronunciar oficialmente.

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