
Na última vez que o país votou em um 15 de novembro, Fernando Collor de Melo (então no extinto PRN e atualmente no Pros) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se credenciavam para disputar o segundo turno das eleições presidenciais, em 1989 (Collor acabou eleito e renunciando em 1992). Foi a primeira vez, depois de 29 anos de Ditadura Militar, que os brasileiros poderiam eleger presidente pelo voto direto.
O pleito de 1989 envolveu apenas a Presidência da República e foi separada da votação para governadores, senadores e deputados federais e estaduais, que só ocorreria no ano seguinte.
Nos anos seguintes, a data foi alterada devido a mudanças nas regras eleitorais e foi instituído o 2º turno nas cidades com mais 200 mil eleitores onde nenhum dos candidatos conseguir mais de 50% dos votos. O 1º turno das eleições passou a acontecer em outubro.
Antes disso, em 1986, os mato-grossenses elegiam Carlos Bezerra (MDB) como governador no dia em que se comemora a Proclamação da República. Nessa eleição, também foram escolhidos os representantes do estado para construir a “Constituição Cidadã”, aprovada em 1988.
Mais de 30 anos depois, os eleitores voltam às urnas na data da Proclamação da República. Isso porque as eleições municipais, previstas para outubro deste ano, foram adiadas devido à pandemia de Covid-19 que fez mais de 120 mil vítimas desde março.
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Carlos Bezerra toma posse como governador de MT
Segundo Bezerra, a data era simbólica por se tratar de um importante fato histórico para o país. “Mas facilitava também por causa do feriado, muita gente conseguia viajar para votar por causa disso”, relembra que foi eleito governador com 65,73% dos mais de 600 mil votos válidos.
Já nas eleições municipais, o último prefeito de Cuiabá eleito antes das mudanças na legislação foi Frederico Campos (PFL), em 1988. Ele era vice de Dante de Oliveira (então no PMDB) – que encerrava o mandato – e venceu Roberto França (PTB) por 44% dos votos contra 34%.
De volta a 1989
Em 2020, no mesmo dia em que se comemora o que foi a eleição mais importante da história recente do país, os brasileiros voltam às urnas para eleger prefeitos e vereadores. Em Mato Grosso também será escolhido novo senador para ocupar a vaga da cassada Selma de Arruda (Podemos). A cadeira hoje é ocupada pelo senador tampão Carlos Fávaro (PSD), que é pré-candidato.
A conquista do voto direto é fruto da participação de um mato-grossense, Dante de Oliveira. À época, o jovem deputado federal foi o autor da emenda que instituiu o voto direto. Dante queria restaurar a eleição direta já na sucessão do general João Figueiredo, último presidente da Ditadura Militar, instaurada a partir do golpe de 1964.
Constituintes mato-grossenses
A bancada de MT que participou da elaboração da atual constituição, promulgada em 1988, foi eleita naquele pleito de 1986. Era um momento de efervescência da redemocratização de um país que passou pelo regime imposto pelos militares durante quase 30 anos.
A maioria da bancada teve nomes do MDB, que era o partido de oposição aos militares, como os deputados federais Osvaldo Sobrinho, Antero Paes de Barros, Joaquim Sucena, Rodrigues Palma e Percival Muniz. O antigo PFL, que deu origem ao atual DEM, elegeu Júlio Campos e Jonas Pinheiro (PFL) e Ubiratan Spinelli se elegeu pelo PSD. No Senado, o MDB ocupou as duas cadeiras de MT com Márcio Lacerda e Louremberg Nunes Rocha.