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‘Oscar do empreendedorismo’ levanta suspeita de golpe em Costa Rica VEJA E ENTENDA

Concurso que promete mostrar as empresas e personalidades em destaque no município cobra por divulgação dos vencedores e peca em transparência

Oscar do empreendedorismo’ está levantando suspeitas de possível golpe em Costa Rica. O concurso promete mostrar as empresas e personalidades em destaque no município, mas peca em transparência ao não informar os critérios para a seleção ou o CNPJ da empresa responsável pela decisão.

Com postagens divulgadas nas redes sociais, suposta empresa que se identifica como ‘Revista FAMA’ divulgou um formulário para os interessados em concorrer ao posto de destaque e publicou alguns vencedores de seguimentos variados.

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Procurada pelo MS Todo Dia, a responsável pela suposta revista, que atende a partir de uma conta de WhatsApp do estado de Goiás, se recusou a comentar como a seleção é a realizada ou informar os dados da empresa responsável.

Em portais de dados abertos, a reportagem localizou apenas uma empresa com razão social similar, mas no estado de São Paulo e ela está inativa. Os nomes dos sócios também não conferem com a titular do número de telefone que atende a população em Costa Rica.

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A Revista Fama alega não ter interesse em reportagem jornalística também, mesmo antes de qualquer denúncia ter sido informada. Alega, ainda, que só pretende dar esclarecimentos a seus clientes, mas não responde se a votação é aberta para todos os moradores ou apenas direcionada a um público específico.

Um dos ‘vencedores’ do concurso mostrou à reportagem kit de mídia recebido da empresa, que diz ser de Alto Araguaia, no Mato Grosso, estado vizinho. Conforme o arquivo apresentado ao ganhador, 1.538 pessoas participaram da pesquisa e ele ficou em primeiro lugar.

Interessante que o documento não revela o nome do segundo colocado e os demais votos foram distribuídos, apenas em portagens, para “outros” e “sem opinião”. Também há um contrato para entrega de certificado, que inclui outros tipos de publicidade.

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O pacote completo sai entre R$ 450 à vista ou R$ 500 parcelado. O cliente ganha um certificado emoldurado, veiculação em rádio, logo [arte publicitária] para usar nas redes sociais, além de divulgação em carro de som.

A venda de publicidade não é ilegal. A falta de transparência na escolha dos destaques, no entanto, reduz a credibilidade dos critérios de divulgação. O caso é passível de investigação pelo Conar (Conselho Nacional Brasileiro de Auto-regulamentação Publicitária).

Procurada novamente para comentar a situação, após a apuração sobre a cobrança para divulgação dos vencedores, a representante da empresa em Costa Rica não respondeu mais À reportagem.

 

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Caso semelhante

Em Campo Grande, profissionais liberais e empresas viveram situação semelhante com perfil “Melhores do Ano”, lançado no início do ano. Especialista em recuperação e blindagem (proteção) de redes sociais, Chrystian Sergio, que também é bacharel em Direito, deu entrevista ao Top Mídia News analisando uma dessas páginas.

“Várias pessoas me perguntaram sobre o ‘Melhores do Ano’, então fui estudar um pouco sobre, antes de dar qualquer opinião pública. Veio muito rápido e, enquanto eu estudava sobre, vinham algumas pessoas que foram hackeadas através desses ‘instas’, então me ligou mais um alarme, mas algumas relataram que em 2017 e 2018 já participaram de uma real onde fingia premiações, etc.”, disse ao jornal da Capital.

Em suas investigações, Chrystian conseguiu identificar o modus operandi dos golpistas – que não iremos reproduzir aqui, a fim de evitar que sejam replicados – mas em suma, são métodos que se utilizam de subterfúgios, como sorteios, a fim de persuadir as vítimas a voluntariamente colaborarem com o embuste, sem que tenham a menor consciência disso.

Ele explica, ainda, que entre os vários métodos utilizados pelos hackers, existe um, chamado “SIM swap” ou “troca de SIM”, em tradução livre, onde um link é enviado ao suposto vencedor e, com isso, ele acaba permitindo a portabilidade de seu número para o celular do golpista.

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Esse link geralmente é enviado à vítima quando ela é comunicada sobre a vitória e informada que, para reivindicar o prêmio, precisa preencher um formulário disponibilizado em uma URL, que pede nome completo, número de CPF, de RG, entre outros dados pessoais.

Ao concluir o processo, a pessoa acaba por perder o número de telefone e, com isso, tem sua identidade roubada pelos criminosos, que saem aplicando outros golpes, porém, utilizando o nome da vítima.

“Não há como te dar certeza total e absoluta que são fakes os perfis ‘Melhores do Ano’, ou melhor, mas tem 99% dos indícios básicos e lógicos para ser [golpe].”

Chrystian apontou dez indícios de que uma premiação não passa de golpe:

1 – Todos os perfis “Melhores do Ano” são páginas novas;

2 – Não há critérios, apenas o “marquem o melhor” e falam qualquer segmento que possa existir;

4 – As contas não fornecem identificação ou vínculo com uma pessoa/personalidade real. Há apenas o CTA (“call to action” ou “chamada para a ação”, em tradução livre): “Fale a empresa”, “Marque o melhor XXX”, “Em breve, os ganhadores”;

5 – Os perfis selecionam os destaques em épocas incomuns, já que premiações reais costumam acontecer em dezembro, no máximo janeiro;

6 – Desses perfis, um ou outro tem um CNPJ da empresa, mas ao procurar, não é possível encontrar registros da empresa ou, quando é possível encontrar, geralmente é de uma empresa que já encerrou as atividades;

7 – Apenas uma empresa, segundo Chrystian, disse já ter participado de um “concurso” verdadeiro, mas envolvia um perfil já existente e tinha um nicho específico, de maquiagem. “Este ‘Melhores do Ano’ não tem um nicho, apenas marcação e fim, sem critério, sem nada”;

8 – O mesmo design gráfico e as mesmas fotos são utilizadas em todos os lugares do Brasil, só que cada um tem uma empresa diferente por trás, segundo afirmam os golpistas. “Mas várias empresas sérias que usam as mesmas fotos de todas as cidades e estados?”;

9 – Chrystian chegou a tentar contato com vários desses perfis pedindo esclarecimento, a fim de postar uma explicação a respeito, mas não recebeu respostas, mesmo que  metade tenha visualizado suas mensagens;

10 – Apenas uma mostrou que tinha um Instagram com registros de fotos de ganhadores, em várias fotos de pessoas com certificado. Entretanto, basta se atentar aos detalhes para perceber erros, como ausência de marcação do perfil do suposto ganhador, não há comentários dele, nem nada que dê impressão de autenticidade.

Por fim, Chrystian deixa algumas orientações: “Deixo claro que sou especialista em redes sociais e, por mais que tenha tudo isso, eu não posso te dizer ‘eu tenho toda a certeza do mundo’, não posso dizer isso por motivos lógicos, mas eu apontei para você tudo que teria de errado aí. Para evitar, não clique em links, não mande códigos, sempre pense: ‘Eu estou participando dessa competição, mas como? Eu me inscrevi nela?’ Não entre em Wi-Fi de redes públicas, não passe seus dados a desconhecidos”, concluiu em entrevista ao jornal local.

Chrystian Sergio pode ser encontrado no Instagram como @chrystiansergio.

Fonte: mstododia

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