Operação Vultus Legis desarticula facção e prende envolvidos em extorsão a comerciantes de Rondonópolis
Ação policial cumpriu 28 mandados em Mato Grosso e Sergipe contra grupo que exigia "taxa sobre faturamento" e usava laranjas e menores de idade para coagir vítimas, causando pânico e graves problemas de saúde nos empresários

Uma megaoperação da Polícia Civil de Mato Grosso, batizada de “Vultus Legis”, foi deflagrada na manhã da quinta-feira (31) para desarticular um esquema de extorsão orquestrado por uma facção criminosa contra comerciantes de Rondonópolis.
A ação, conduzida pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) e pela Delegacia Especializada de Repressão ao Crime Organizado (Draco), resultou no cumprimento de 28 ordens judiciais, incluindo prisões, buscas e o bloqueio de R$ 86 mil.
A operação é o resultado de uma investigação iniciada em janeiro deste ano, após denúncias anônimas sobre a coação sistemática de empresários.
Os criminosos, agindo sob graves ameaças de morte, impunham um regime de medo para garantir o pagamento de taxas ilegais.
Os criminosos, agindo sob graves ameaças de morte, impunham um regime de medo para garantir o pagamento de taxas ilegais.
Ao todo, foram cumpridos sete mandados de prisão preventiva, 10 de busca e apreensão e 11 de quebra de sigilo telemático.
As ordens judiciais, expedidas pelo Núcleo de Inquéritos Policiais (Nipo) de Cuiabá, foram executadas nas cidades de Rondonópolis, Cuiabá e também em Itabaiana, no estado de Sergipe, com o apoio do Centro de Operações Especiais (COPE) da polícia local.
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O Mecanismo da Extorsão
Segundo o delegado Antenor Pimentel Marcondes, responsável pelo caso, o esquema era mais amplo e organizado do que se suspeitava. A estrutura criminosa, que já havia sido implantada em Várzea Grande, expandiu-se para Rondonópolis com o apoio de lideranças locais da facção.
O principal mentor do esquema, mesmo já estando preso, utilizava perfis de WhatsApp para se apresentar como responsável pelo “setor de contrabando, descaminho e sonegação” da facção.
Em chamadas de vídeo individuais e coletivas, ele exigia que comerciantes dos ramos de celulares, tabacarias e distribuidoras pagassem uma “taxa sobre faturamento”.
Para calcular o valor, os criminosos exigiam acesso a notas de compra, venda ou ao inventário dos estabelecimentos.
Os pagamentos eram feitos via Pix para contas de “laranjas” ou, mais recentemente, em espécie, numa tentativa de não deixar rastros bancários. O esquema contava com uma rede de faccionados locais, incluindo menores de idade, que eram responsáveis por coagir os comerciantes e recolher o dinheiro pessoalmente.
Impacto devastador nas vítimas
A coação física e psicológica deixou um rastro de destruição na vida dos comerciantes. Relatos obtidos pela polícia indicam que o medo constante levou a graves impactos psicológicos.
Alguns empresários fecharam seus estabelecimentos, enquanto outros sofreram complicações severas de saúde, como infartos e Acidentes Vasculares Cerebrais (AVCs).
Apesar de conhecerem os criminosos que atuavam em seus bairros, a maioria das vítimas se recusa a depor formalmente, temendo represálias diretas da facção.
Dois dos mentores do esquema, alvos da operação de hoje, já haviam sido identificados na Operação “A César o que é de César”, deflagrada em fevereiro, que investigou extorsões contra comerciantes em Várzea Grande.
O Rosto da Lei
O nome da operação, “Vultus Legis”, significa “O rosto da lei” em latim, simbolizando a chegada visível do Estado em um ambiente dominado pelo medo.
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“A facção vem tentando expandir seu poder por meio da força e da imposição do terror.
O Estado deve enviar uma mensagem clara e direta: O Estado não se desafia, deve ser respeitado. Tolerância zero às facções”, frisou o delegado Antenor Pimentel Marcondes.
A ação integra o programa Tolerância Zero, do Governo de Mato Grosso, e contou com o apoio estratégico do Grupo de Atuação Especial ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público.
A GCCO e a Draco reforçam a importância das denúncias e garantem sigilo absoluto. Informações sobre crimes de extorsão podem ser repassadas pelos telefones (65) 98173-0700, 197, ou pelo Disque Extorsão, no número 181.
Fonte: A tribuna/ MT