Mauro é acusado no JN de ‘destruir’ R$ 89 milhões em MT e reage veja e entenda
Governador se irritou com críticas à sua decisão no maior telejornal do país e insinuou que a matéria pode ter sido comprada

O governador, Mauro Mendes (UB), mostrou irritação e atacou o Consórcio VLT, insinuando que o grupo empresarial teria implantado no Jornal Nacional – principal televisivo do país – uma matéria atacando sua decisão de ignorar mais de R$ 1 bilhão de dinheiro público já gasto em Mato Grosso para investir outros R$ 630 milhões em um BRT – modal de transporte mais arcaico – em Cuiabá e Várzea Grande.
Embora seja considerado um argumento jurídico frágil, diante das garantias dispostas em contrato que o Consórcio possui, Mauro segue batendo na tecla que o estado conseguirá ter o R$ 1 bilhão de volta em seus cofres, possibilidade quase nula, segundo juristas que acompanham o caso. “É obvio que o Consórcio, que tem que devolver mais de R$ 1 bilhão através de uma decisão judicial”, citou o governador.
Segundo Mendes, o grupo empresarual do VLT tenta agir nos bastidores e insinuou, ao comentar a matéria do Jornal Nacional, que a produção jornalística da Globo poderia ter sido financiada por interesses particular. “Vai contratar um estudioso aqui, uma matéria acolá. Eles (Consórcio VLT) estão esperneando há muito tempo. Mas a obra [do BRT] já está acontecendo em Várzea Grande”, disse o governador, horas depois da divulgação da reportagem.
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Reportagem do JN
Na matéria, é citado que a decisão do governador resultará, por fim, na destruição de seis quilômetros de trilhos que já haviam sido plenamente instalados em Várzea Grande, gerando um prejuízo direto aos cofres públicos de R$ 89 milhões, segundo a matéria que foi ao ar na ultima segunda-feira (6). A produçaõ jornalística cita ainda os 280 vagões, avaliados próximos a R$ 500 milhões, capazes de transportar 160 mil pessoas por dia, que há anos estão em Mato Grosso prontos para entrar em funcionamento.

A reportagem detalha que com mais R$ 922 milhões a obra do VLT poderia ser entregue à população, o que causa estranheza já que no BRT o acordo celebrado prevê, inicialmente, cerca de R$ 430 milhões em investimentos, além de outros mais de R$ 200 milhões na compra dos veículos e outros itens necessários, já na fase de implantação, para que o novo modal vire realidade. Em declaração ao JN, contudo, o governador insiste em dizer que o BRT custara ‘metade’ do previsto para o VLT.
Estimativas de técnicos do setor ferroviário, contudo, projetam aditivos e valores que serão inevitavelmente corrigidos fazendo as cifras alcançarem fatalmente o que se precisaria para implantar o VLT, que teve seu projeto majoritariamente já executado em um momento onde os materiais de construção, por exemplo, estavam até 30% mais barato do que atualmente. O coordenador de mobilidade urbana do Instituto Nacional de Defesa do Consumidor, Rafael Calabria, ouvido pela reportagem, criticou a decisão do governador.
“Os benefícios que os trilhos (do VLT) trazem em sustentabilidade, capacidade de passageiros e na diversidade de empresas que a cidade vai ter, são muitos melhores no VLT do que no BRT, então o investimento um pouco maior se justificaria. Ainda mais no caso de Cuiabá que ja começou a obra, já está avançada a obra (SIC), seria só finalizar. Então, além de uma opção errada, vai ter um desperdício de dinheiro público”, citou o coordenador.
Apesar da fala de Calabria conter argumentos óbvios, como o fato de que o VLT já tem uma obra avançada e o BRT ainda começaria, bem como o fato do primeiro ser muito mais moderno e promissor à capital do que o segundo, o governador preferiu não contrapor suas falas e sim atacar o coordenador do Instituto de Defesa do Consumidor, dizendo que ele “nunca veio a Cuiabá e não conhece a realidade local”.
O prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), defensor do VLT e que trava uma verdadeira queda de braço com o governador, impedindo que ele faça na capital o mesmo que fez em Várzea Grande, ou seja, destrua o que já foi construído, disse na reportagem do JN sobre o absurdo que vê na medida tomada pelo Governo do Estado, já denunciada ao Ministério Público Estadual – MPE.
“Não há o menor bom senso em dizer que o BRT, que está começando do zero, é mais barato que o VLT que já tem 70% das obras executadas e boa parte dos seus recursos pagos” alfinetou Emanuel. A reportagem ainda mostra cidadãos da capital e região metropolitana lamentando o imbróglio surgido com a obra que era para ter sido entregue para a COPA de 2014 e o dinheiro desperdiçado.