
Apesar da participação de alguns partidos de esquerda, atos liderados pelo MBL e pelo partido Novo reuniram número menor de manifestantes.
Manifestantes foram às ruas de diversas capitais neste domingo (12) para pressionar pelo impeachment do presidente e protestos convocados pelo Movimento Brasil Livre (MBL), pelo Vem Pra Rua (VPR) e pelo partido Novo. Os atos tiveram adesões na oposição para além da direita, reunindo presidenciáveis que tentam ser a terceira via para 2022, mas reuniram um número relativamente pequenos de pessoas e não fizeram frente à mobilização bolsonarista do feriado da Independência nem aos atos anteriores liderados pela esquerda.
Estiveram na avenida Paulista nomes cotados para a disputa ao Planalto em 2022, como Ciro Gomes (PDT), João Doria (PSDB), Luiz Henrique Mandetta (DEM) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE). Figuras com linhas ideológicas distintas, como Isa Penna (PSOL), Tabata Amaral (sem partido), Joice Hasselmann (PSL) e Arthur do Val Mamãe Falei (Patriota) se revezaram no palanque.
Em São Paulo, principal termômetro no país, a avenida Paulista tinha à tarde diferentes concentrações, cujos públicos reunidos seriam suficientes para ocupar em torno de três quarteirões. No 7 de Setembro, houve perto de 11, semelhante à estimativa de atos da esquerda em junho.
Pela manhã, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, São Luís, Vitória e Manaus também tiveram protestos com baixa adesão. Em algumas cidades houve ainda a participação de partidos de esquerda, como o PDT e o PCdoB.

DIVISÕES
No Rio, apesar do mote “Nem Lula nem Bolsonaro”, lido nas camisas do Vem pra Rua, não houve consenso entre manifestantes sobre a condenação à Lula, cujo rosto era visto em camisas à venda por ambulantes na orla.
Em discurso, o secretário municipal de Governo e Integridade Pública do Rio e deputado federal licenciado Marcelo Calero (Cidadania-RJ) recusou a comparação.
“Não me venham com falsa simetria. Eu não aceito dizer que o governo do PT foi igual. É mentira. Estivemos em campos opostos, mas todos jogaram a bola da democracia”, disse. “Nós não aceitamos esses fascistas, nós não aceitamos esses neo-nazistas”, afirmou.
Os protestos deste domingo foram anunciados em 8 de julho, quando setores da oposição a Bolsonaro na esquerda já haviam organizado três grandes mobilizações. Os atos, que já chegaram a cinco desde maio, são feitos pela Campanha Nacional Fora Bolsonaro, que reúne partidos, movimentos e centrais sindicais.
As justificativas de MBL e VPR para não se juntarem às iniciativas do fórum, que é predominantemente de esquerda, foram as restrições impostas pela pandemia de Covid-19 e o baixo percentual de vacinados àquela altura, mas também pesaram divergências políticas e ideológicas.
As cúpulas de PT e PSOL, hoje empenhadas na pré-campanha de Lula ao Planalto, decidiram não convocar para a data sob a alegação de que não participaram da construção desde o início, mas tampouco vetaram a presença de filiados.

A deputada estadual Isa Penna (PSOL-SP), que já foi alvo de fake news do MBL no passado, foi ao ato na Paulista dizendo ser “o momento de furar todas as nossas bolhas e construir uma superbolha, a bolha do impeachment”.
“Hoje considero que eles [MBL] estão no campo democrático, até porque apanharam muito”, afirmou sobre os ex-defensores de Bolsonaro que se voltaram contra o presidente. “Sei que não são mais aquele grupo que flerta com o fascismo.”
Penna, que apareceu com um broche da vereadora Marielle Franco, colega de partido assassinada em 2018, diz que um outro deputado do PSOL chegou a ameaçar apresentar uma sanção contra ela na Assembleia Legislativa paulista.
” Estou aqui para fazer um gesto ousado, coisas impossíveis vão se tornar possíveis”, disse sobre sua presença numa manifestação que tenta se viabilizar como uma Diretas Já, unificando campos ideológicos contra Bolsonaro.
O PT disse que irá se engajar nos próximos atos com outras forças políticas, previstos para 2 de outubro e 15 de novembro. Em carta, porém, a sigla afirmou saudar “todas as manifestações Fora Bolsonaro”.
Fonte: Agora MT