Gastos com praças: Vereadores entendem que melhorias na saúde são prioridade
Eles criticam a falta de transparência com que a Prefeitura vem conduzindo os processos para contratação das empresas

Mesmo entendendo como necessários os gastos com a construção e reformas de praças públicas e áreas de lazer, onde estão sendo investidos valores acima de R$ 50 milhões, conforme apurado pelo A TRIBUNA, vereadores criticam a falta de transparência com que a Prefeitura vem conduzindo os processos para contratação das empresas e sugerem que investimentos massivos, como vêm sendo feitos pela administração municipal, devem ser feitos com cautela e somente após se resolverem os problemas de áreas vitais para a população, como a saúde pública.

A vereadora Kalynka Meirelles (Republicanos) critica a falta de transparência da atual gestão municipal e conta que isso tem prejudicado até seu trabalho como parlamentar. “A principal função do vereador é fiscalizar, mas a gente simplesmente não consegue. Isso porque falta transparência da parte da Prefeitura e, quando queremos alguma informação, os secretários simplesmente não respondem. E quando chamamos algum deles para se explicarem na Câmara, dizem que é perseguição política. Nós só queremos as informações que não só eu, como vereadora, mas todos os cidadãos têm direito”, apontou a parlamentar.
Para ela, essa falta de transparência, que vai desde a divulgação dos editais para a realização de licitações, que é feita atualmente em jornais escritos da capital, prejudicam não só o trabalho apurativo da imprensa e a fiscalização da parte dos vereadores e entidades públicas e da sociedade civil, mas também acabam por prejudicar os empresários da cidade, que em muitas ocasiões sequer ficam sabendo das licitações.
Com relação aos investimentos vultuosos em praças e áreas de lazer, a parlamentar é categórica ao dizer que eles são bem-vindos e que não se opõe aos mesmos, mas que esses investimentos devem obedecer a uma ordem de prioridades.
“Eu acho que tem que haver uma melhor gestão do dinheiro público. Tem várias questões que teriam que ser priorizadas, como a saúde, por exemplo. Mas enquanto isso, não sabemos nem qual é a empresa e nem o quanto estamos pagando por cada obra. Eu acho que tem que ser feitos os investimentos; revitalizar as praças do Centro é urgente, mas a prioridade tem que ser a saúde, sempre!”, concluiu Kalynka Meirelles.
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Outro parlamentar municipal que tem uma visão crítica da situação é o vereador Jonas Rodrigues (SD). “Eu vejo que há uma falha de comunicação da Prefeitura de Rondonópolis e essa questão de suprimir os jornais locais para a divulgação oficial é algo que teria que ser melhor tratado. Isso não pode ser levado como o gestor quer, mas como precisa ser feito”, externou.
Ele diz ser favorável aos gastos com praças e áreas de lazer, por conta do grande volume de recursos que o Município arrecada, mas relaciona os problemas na área da Saúde, como a falta de médicos especialistas e exames fornecidos pelo Ceadas, às falhas na gestão.

“Para uma cidade que tem a previsão de mais de R$ 1,5 bilhão de arrecadação, investir R$ 50 milhões em praças não é algo extremo, desde que venha a atender a população que precisa de áreas de lazer. E não há falta de recursos na Saúde, porque aprovamos todos os recursos previstos em lei e há os repasses feitos pelo Governo Federal. O que existem são dificuldades pontuais, como a contratação de oftalmologistas, que não concordam com os valores pagos, que são baixos. O problema é de gestão mesmo, não há carência de recursos”, declarou.
Posição um pouco diferente tem o líder do prefeito na Câmara, Reginaldo Santos (SD), para quem o Município tem feito muitos investimentos em áreas estratégicas, como a Saúde e a Educação, com a construção de novos PSFs e de novas escolas e creches, além de reformas em unidades escolares já existentes e a construção de quadras esportivas nas unidades escolares da zona rural. “A gente percebe que os investimentos estão chegando na Saúde e na Educação, mas Rondonópolis é uma cidade carente de áreas verdes e de lazer. A Praça dos Carreiros mesmo, depois de reformada, virou um cartão de visitas da cidade”, expôs.

Ele cita a construção do novo Centro Social Urbano (CSU), que fica na região da Vila Operária, como um desses espaços que vêm suprir uma carência da sociedade local, já que o espaço deve ser usado para o contraturno, ou aulas de reforço e de qualificação profissional, de adolescentes e jovens em idade escolar. Outras duas estruturas como essa do CSU devem ser construídas em outras regiões da cidade.
No entanto, apesar da defesa dos gastos com praças e áreas de lazer, Reginaldo Santos reconhece a falta de transparência da atual administração. “A Prefeitura precisa publicar essas informações em vários meios de comunicação, principalmente os da cidade. E é obrigada também a colocar todas essas informações no site da Prefeitura também”, completou.
