DESVIO MILIONÁRIO – Funcionários da Ambev que não aceitavam participar de golpe eram ameaçados VEJA E ENTENDA

Quadrilha envolvida no desvio milionário de cervejas na Ambev, em Cuiabá, coagia novos funcionários para participar do esquema, informou a Polícia Civil. Caso não topassem, sofriam ameaças e, com medo, pediam demissão da fábrica.
A informação foi divulgada nesta quinta-feira (14), pelos delegados da Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (Derf), Luiz Felipe Leoni e Guilherme Bertoli, 24h após a deflagração da Operação Ceres, que desarticulou a quadrilha responsável pelos crimes.
“Ao que parece, o esquema acontece há alguns anos na cervejaria. Os funcionários que eram contratados eram abordados e corrompidos para participar do esquema. Quem não topava à prática criminosa, era tirado do processo e sofria ameaças”, disse o delegado Luiz Felipe.
Entre os membros da quadrilha estão conferencistas, porteiros, motoristas, ajudantes de motorista, carregadores e outros. Um dos presos é Leandro Queiroz Gontijo, flagrado em posse de R$ 1.3 milhões em casa. Ele é dono de uma distribuidora na avenida do Moinho, para onde a cerveja desviada era levada.
Com medo das ameaças, os funcionários que não aderiam ao crime, pediam demissão. Há ainda o envolvimento de outras duas distribuidoras que estão sendo investigadas. Ao todo, ao menos 20 pessoas estão no alvo, mas o delegado acredita que isso é “só a ponta do iceberg”.
Desvios de cargas de cervejas
A investigação da Derf Cuiabá apurou que os desvios das bebidas alcoólicas das marcas Budweiser, Skol, Antártica, Brahma e Stella Artois, produzidas pela cervejaria instalada na Capital, eram feitos por funcionários da fábrica e de duas empresas que prestam serviços de logística à fabricante.
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O grupo envolvido desviava as cargas que eram devolvidas por clientes da cervejaria. Para isso, era falsificada uma declaração pelo conferencista e o porteiro da cervejaria confirmando que houve a entrada dos lotes de cervejas na fábrica.
Em seguida, as cargas das bebidas eram desviadas aos receptadores, um deles é uma distribuidora localizada na Avenida Arquimedes Pereira Lima, no bairro Jardim Renascer.
Levantamento feito pela fabricante de bebidas, a partir do sistema de controle de inventário, apontaram um prejuízo estimado em quase R$ 12.800 milhões. Os números foram apurados no inventário mensal dos anos de 2021 e 2022.
Operação
De acordo com as informações da assessoria de imprensa do órgão, são cumpridos 18 buscas e apreensões domiciliares, 19 buscas e apreensões de computadores, celulares e quebras de sigilo telefônico, 6 ordens de sequestro e arresto de bens móveis, além de 4 quebras de sigilo bancário e fiscal.
Há ainda uma ordem de penhora de R$ 12.782 milhões dos investigados, que são funcionários da cervejaria e de duas empresas que prestam serviços logísticos à fabricante. O inquérito da Derf investiga crimes de: associação criminosa, lavagem de dinheiro, furto qualificado, receptação qualificada e falsidade ideológica.
Fonte: Gazeta Digital