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DADOS ALARMANTES – Violência contra menores cresce no ano em MT; quebrar o silêncio é preciso

Agressões, ameaças e estupros contra crianças e adolescentes lideram registros, aponta Sesp-MT

os cinco primeiros meses de 2023, Mato Grosso registrou aumento no número de casos de violência contra crianças e adolescentes em comparação com o mesmo período em 2022. As três ocorrências com maiores números de registros são lesão corporal, ameaça e estupro de vulnerável com crescimento de 11%, 6% e 9%, respectivamente, no intervalo de um ano. Os dados são da Secretaria de Segurança Pública de Mato Grosso (Sesp-MT) e revelam uma elevação contínua na insegurança da população de 0 a 17 anos no Estado.

Conforme o levantamento da Sesp, de janeiro a maio de 2023, 941 ocorrências de lesão corporal contra crianças e adolescentes foram registradas em Mato Grosso, figurando como o crime de maior incidência. Em segundo lugar estão as ameaças, que contabilizam 887 ocorrências. Em terceiro lugar aparece o crime de estupro de vulnerável, com 650 casos registrados.

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Para a presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) de Cuiabá, Cristiane Almeida da Silva, fatores como a questão social, econômica e cultural influenciam na incidência de casos de violências, abusos e exploração.

“Nos atendimentos em Cuiabá, a gente se depara com inúmeros casos cobertos pelo que chamamos de manto ditador, que é o silêncio, presente principalmente nas famílias em situação de mais vulnerabilidade econômica, mas que também está nos seios familiares tradicionais com poder aquisitivo, que relutam em reconhecer o episódio”, destaca a presidente.

Annie Souza/RDNews

QUADRO 2: Casos de viol�ncia crescem ano a ano

Ao considerar a separação das vítimas por gênero, o levantamento da Sesp-MT apontou que  65% das vítimas foram de sexo feminino e 35% de sexo masculino, no período de janeiro a maio de 2023. Ao tratar desses dados, a presidente do CMDCA explica que existe uma cultura de violação de corpos na sociedade.

A nossa cultura ainda é muito patriarcal, reforça masculinidades tóxicas, o que também impede que meninos denunciem

Cristiane Silva

“Ao meu ver, é preciso destacar que nossa sociedade enfrenta a questão de desigualdade de gênero, que na minha avaliação se relaciona com as violências sofridas por crianças e adolescentes, uma vez que é ensinado que existem corpos que são apenas objetos, perturbando o estigma de que podem ser violados inclusive com a hipersexualização dos corpos infantojuvenis”, disse.

Em relação aos aumento contínuo no número de casos, Cristiane avalia que ainda há um contexto de muita violência contra crianças e adolescentes que precisa ser combatido. Porém, salienta que as campanhas de conscientização e informativos estão contribuindo para que as próprias vítimas reconheçam a violência e busquem ajuda para denunciá-las.

É o caso de uma menina de 12 anos que denunciou  que o padrasto, de 45 anos, a violentava desde os 7 anos de idade após assistir a uma palestra sobre violência na escola em Dom Aquino (a 146 km de Cuiabá).

“A nossa cultura ainda é muito patriarcal, reforça masculinidades tóxicas, o que também impede que meninos denunciem. Temos registros menores de ocorrências contra vítimas do sexo masculino, no entanto, durante o atendimento, a gente percebe que o silêncio desse menino envolve também a vergonha de expor que sente medo, sofre e foi vítima”, destaca a titular do CMDCA.

Annie Souza/RDNews

QUADRO 1: Primeiros meses registram aumento de viol�ncia

Números crescem ano a ano

O caminho para o combate está nas campanhas de conscientização, na quebra do silêncio familiar sobre episódios de violência e sobretudo na garantia dos direitos de crianças e adolescentes

Cristiane Silva

Os números no Estado são alarmantes a cada ano. Conforme os dados da Sesp, a tendência é que 2023 seja o terceiro ano consecutivo de crescimento no registro dos casos. Em 2021, foram registrados 1.922 ocorrências de lesão corporal; 1.747 de ameaças e 1.379 casos de estupro de vulnerável. No ano seguinte, os números aumentaram e foram contabilizados 2.211 casos de lesão corporal, 1.997 ameaças e 1.540 estupros de vulneráveis em todo Mato Grosso.

Segundo a presidente do CMDCA, Cristiane Almeida, “o caminho para o combate está nas campanhas de conscientização, na quebra do silêncio familiar sobre episódios de violência e sobretudo na garantia dos direitos de crianças e adolescentes, em especial aos que vivem em vulnerabilidade socioeconômica”.

Disque 100

O Disque 100 recebe denúncias de violência contra crianças e adolescentes diariamente, 24h, inclusive nos finais de semana e feriados. As denúncias são anônimas e podem ser feitas de todo o Brasil por meio de discagem direta e gratuita.

Fonte: RD News

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