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CRIME ORGANIZADO – PCC investe para aumentar “família” e já atua em 10 cidades de MT – veja

Em 2000, Primeiro Comando da Capital (PCC) era mera ficção em Mato Grosso. Com pouquíssimos “filiados/batizados”, grupo atuava em pequenas “biqueiras” (ponto de vendas de drogas) e abaixo do radar do Comando Vermelho (CV), facção dominante. Passados 12 anos o cenário é outro. O PCC estendeu raízes e atua de forma mais organizada, segundo apurou o , em 10 cidades do Estado.

A “família” nas localidades tem crescido e ganhado força porque os membros recebem proteção e ajuda da facção de São Paulo. Além de cidades fronteiriças (Cáceres, Porto Esperidião e Pontes e Lacerda) – onde acontecem os maiores embates entre os faccionados do CV e PCC – os braços da facção paulista também estão em Barra do Bugres, Tangará da Serra, Brasnorte, São José do Rio Claro, Nova Nazaré, Guarantã do Norte e Sapezal – veja mapa.

Arte: Rodinei Crescêncio

PCC em cidades de MT interna

Das 10 cidades, entretanto, o epicentro fica em Cáceres (a 240 km de Cuiabá), rota do tráfico internacional de drogas e também de disputas sangrentas entre as organizações criminosas. A “guerra doméstica”, conforme investigações das Forças de Segurança, se deve ao fato do PCC querer pegar cocaína direto da fonte – tendo o Peru, Colômbia e Bolívia como principais fornecedores. Acontece que o entorpecente passa pelo Acre, Amazonas e Mato Grosso antes de seguir para o seu destino final.

A situação em Cáceres vem chamando atenção de inúmeras autoridades. Porém, a juíza Ana Cristina Silva Mendes, da 7ª Vara Criminal da Comarca de Cuiabá, em entrevista à repórter Camila Ribeiro do , ressalta que o problema não é exclusivo das cidades de fronteira, mas de vários pontos no estado.

A magistrada reflete, entretanto, que a predominância ainda é do CV. “Em Cáceres está um pouco mais aberto e já é de conhecimento geral. Mas, vamos entender que o estado hoje se encontra em um cenário onde a facção criminosa, principalmente o Comando Vermelho, está ampliando os seus horizontes. Isso está em todas as comarcas, todas as cidades que têm membros que trabalham, atuam. Essa é a realidade de todo estado”, aponta.

As consequências destas disputas são expressas sistematicamente nos altos índices de violência letal que acometem, principalmente, o segmento jovem, segundo autoridades.

O Brasil tem atualmente 150 facções criminosas, sendo que 10% delas atuam em Mato Grosso. No total, pelo menos 15 usam a fronteira do estado para o transporte de drogas.

Investigações da Polícia Federal apontam que a estrutura do crime organizado em Mato Grosso vai além do CV e PCC. Há também facções menores, que operam em guetos pelo Estado. Entre elas, estão a Bad Boys, a Baixada Cuiabana e o Comando Verde. Os grupos, entretanto, recebem investidas diárias e têm sucumbido diante do poder do CV.

Assessoria TJMT/Alair Ribeiro

Ju�za Ana Cristina Silva Mendes

Autoridades temem que este cenário de cisão e disputa por território crie um campo de batalha em outro cenário: o dos presídios. Ana Cristina destaca que o problema não é algo exclusivo de Mato Grosso, mas que se estende pelo país, especialmente em rincões onde o Poder Público, muitas vezes, não atua ou chega de forma tímida ou precária.

“Mas nós integramos um sistema de Justiça e ele trabalha contra repressão à criminalidade, isso da melhor forma possível. A polícia investigativa é uma polícia atuante. A polícia repressora é uma polícia atuante. Mas é muito complicado em um país com leis e com penas com garantias exacerbadas. É complicado, muitas vezes, ficamos enxugando gelo, mas fazemos, claro, o nosso trabalho”, reflete a magistrada.

Alair Ribeiro/TJ

juiz geraldo fidelis

O juiz Geraldo Fernandes Fidelis Neto, da 2ª Vara de Execuções Penais, se mostra preocupado com o crescimento do conflito na fronteira e com o alto índice de execuções. “Estamos em guerra. O que temos que fazer é trabalhar para ocupar o espaço. Isso é o que o Estado tem que fazer por nós. Aliás, precisa muito da presença do estado na fronteira”, avalia.

O magistrado assinala que equipes de inteligência já atuam no problema e que que ele tem acompanhado, como cidadão, uma vez que é Cáceres. “Como cidadão vejo de maneira horrível. Pois tem tido muitas mortes, uma por dia. E isso deixa a sociedade frágil. E lá (Cáceres), todos estão preocupados”, finaliza.

Fonte: RD News

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