Câncer: Quase 800 rondonopolitanos buscam tratamento em Barretos
Pacientes relatam que demora em diagnóstico e falta de especialistas motivam tratamento em outros centros

Apesar de Rondonópolis hoje contar com tratamento para o câncer na cidade, incluindo hospital para tratamento na Santa Casa, ainda é grande o número de pacientes que realiza tratamento fora do Estado. Um dos destinos principais de pacientes adultos e crianças da cidade é o Hospital do Câncer de Barretos – o Hospital de Amor. Segundo dados da Associação Amor de Voluntários de Combate ao Câncer de Mato Grosso (AADCC), 780 pessoas de Rondonópolis fazem tratamento em Barretos, destas 52 são crianças. Atualmente, 3.870 pessoas de Mato Grosso estão em tratamento no Hospital do Câncer de Barretos.
De acordo com o presidente da AADCC, Valdir Correia, ainda há uma grande quantidade de pacientes em tratamento em Barretos em função de Rondonópolis não contar com tratamento para determinados tipos de câncer. “Há alguns tipos de câncer em que o tratamento não é realizado em Rondonópolis em função da falta de especialistas na área. Um exemplo é a leucemia. Outro exemplo é o câncer de fígado. Também não há na cidade tratamento para crianças, pois a cidade não conta com oncopediatra”, explicou.
Ele reforçou que em casos em que não há tratamento em Rondonópolis, os pacientes são encaminhados a Cuiabá, mas na capital também há certos tipos de câncer que não podem ser tratados por falta de especialistas na área. “Não é uma realidade exclusiva de Rondonópolis. Outras cidades de Mato Grosso também têm pacientes fazendo tratamentos fora do Estado”, disse Valdir.
Além disso, Valdir destacou outras situações que prejudicam o tratamento de câncer na cidade. Ainda hoje, segundo ele, há dificuldades na realização de exames e falta de médicos especialistas em algumas áreas, bem como há dificuldades no acompanhamento adequado dos pacientes durante ou após o tratamento.
“Em muitos casos a demora na realização de um exame como tomografia, colonoscopia, na realização de uma biópsia, faz com que os pacientes busquem o atendimento no Hospital do Câncer de Barretos. Infelizmente, ainda é preciso melhorar muito nessa questão. Outro problema é a dificuldade que os pacientes encontram no acompanhamento pós-tratamento, que deve ser feito periodicamente. A demora em consultas e exames também prejudica esse acompanhamento. E, ao contrário do que acontece aqui, em Barretos os pacientes conta com esse tipo de atendimento”, analisou.
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Somado a isso, a reitora da Universidade Federal de Rondonópolis (UFR), Analy Polizel, que esteve recentemente em Barretos junto com o governador Mauro Mendes em viagem para definir a construção do Centro de Prevenção e Diagnóstico do Câncer em Rondonópolis, que será gerido pela equipe do Hospital do Câncer de Barretos, o tratamento avançado e humanizado disponível em Barretos contribui para que pacientes, especialmente, aqueles com casos mais graves, acabem realizando o tratamento no local. “É um tratamento de ponta e em Rondonópolis há problemas desde a demora no diagnóstico até a falta de especialistas em algumas áreas médicas”, destacou a reitora.
Odília Rodrigues, 60 anos, conta que a demora no diagnóstico de um câncer de mama que descobriu em 2015 foi o principal motivo que a levou a buscar o tratamento no Hospital do Câncer de Barretos. Hoje curada, mas ainda em acompanhamento com a equipe do hospital, ela relembra que precisou pagar pela biópsia na época, porque mesmo com o pedido de urgência do médico, o exame poderia demorar até um ano para ser realizado. “É claro que não se pode esperar tanto tempo por um diagnóstico, pois isso pode definir a cura ou não da doença”, disse e complementou que é preciso melhorias no diagnóstico na rede pública em Rondonópolis.
Valdir, que também teve câncer, reforçou que no seu caso, faltavam na cidade especialistas em algumas áreas para que pudesse realizar o tratamento. “Nem sempre há em Rondonópolis ou em Mato Grosso tratamento para o tipo de câncer que a pessoa tem. Nestes casos, o Hospital do Câncer de Barretos é a opção. Com equipe multidisciplinar e especialistas nas mais diversas áreas, bem como com equipamentos de ponta para a realização de exames, o tratamento no hospital é a chance de cura para muitos”, afirmou.