Genial/Quaest: 88% dos brasileiros querem penas mais altas e 73% defendem tratar facções como terroristas
Pesquisa revela forte apoio popular a medidas duras na segurança, em meio ao debate do PL Antifacção e à repercussão da megaoperação policial no Rio de Janeiro

A maioria esmagadora da população brasileira defende medidas mais duras no combate à criminalidade, incluindo penas mais altas e o enquadramento de facções como organizações terroristas. É o que revela uma pesquisa Genial/Quaest divulgada na quarta-feira (12), em um momento de intenso debate nacional sobre segurança pública, impulsionado pela repercussão da megaoperação policial no Rio de Janeiro e pela tramitação do PL Antifacção no Congresso.
De acordo com o levantamento, 88% dos entrevistados afirmam que as penas deveriam ser mais altas no país. Além disso, 73% defendem que organizações criminosas sejam classificadas como terroristas, um dos pontos de maior divergência atual entre a base governista e a oposição em Brasília.
A pesquisa entrevistou presencialmente 2.004 brasileiros com 16 anos ou mais, em todo o país, entre os dias 6 e 9 de novembro. A margem de erro é de dois pontos percentuais, com nível de confiança de 95%.
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O Raio-X do endurecimento
O desejo por maior rigidez se reflete em outras questões. A pesquisa mostra que 65% dos brasileiros defendem a retirada do direito de visita íntima para presos ligados a facções. Há também um apoio majoritário (60%) à PEC da Segurança Pública, proposta do governo Lula que visa a ampliar o papel da União na formulação de políticas da área.
Na mesma linha, 52% dos entrevistados defendem que a responsabilidade principal pela segurança pública passe a ser do governo federal, embora a população se divida sobre a ideia de permitir que cada Estado tenha sua própria legislação sobre o tema (46% a favor e 48% contra).
Apesar do forte apoio a medidas repressivas, o levantamento identificou uma ampla rejeição à pauta armamentista: 70% dos brasileiros são contra a facilitação do acesso a armas de fogo, e apenas 26% são a favor.
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O descompasso com Brasília
A pesquisa captura o exato momento em que o Congresso debate o PL Antifacção, enviado pelo Planalto em 31 de outubro. O relator do texto é o deputado Guilherme Derrite (PP-SP), que se licenciou do cargo de secretário de Segurança Pública de São Paulo, na gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos).
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Curiosamente, Derrite vinha sendo criticado exatamente por propor equiparar as condutas de facções a grupos terroristas — uma medida que a pesquisa agora mostra ter o apoio de 73% da população.
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No entanto, nesta terça-feira (11) por pressão da classe política, o relator apresentou uma nova versão do texto e recuou do ponto principal, afirmando que não vai mais equiparar diretamente os crimes. O novo texto também recuou em relação a uma proposta inicial que reduzia o protagonismo da Polícia Federal no combate ao crime organizado.
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Causas, Efeitos e Percepções
Quando questionados sobre as medidas mais eficazes para reduzir a violência, a maioria dos brasileiros (46%) cita o endurecimento das leis, defendendo penas maiores, legislação mais rígida e o fim da soltura de criminosos. Em segundo lugar, com 27% das menções, aparecem ações de prevenção, como investimento em educação, oportunidades e políticas sociais.
A preocupação com o tema é latente, com a violência sendo citada por 38% dos entrevistados como o principal problema do país.
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Operação no RJ e Consórcio de Governadores
O levantamento foi realizado em meio à repercussão da megaoperação no Rio de Janeiro, que resultou em 121 mortes e reacendeu o debate sobre os métodos policiais.
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A ação, no entanto, contou com ampla aprovação popular: 67% dos brasileiros disseram aprovar a operação, contra 25% que a desaprovaram.
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Neste mesmo cenário, governadores de oposição como Cláudio Castro (Rio de Janeiro), Tarcísio de Freitas (São Paulo), Ronaldo Caiado (Goiás) e Romeu Zema (Minas Gerais) criaram o “Consórcio da Paz” para coordenar ações estaduais de segurança.
A iniciativa, porém, é vista com ceticismo pela população: 47% avaliam que se trata de uma ação meramente política, enquanto 46% acreditam que o consórcio pode, de fato, ajudar a reduzir a violência.
Fonte: A Tribuna










