Cineastas e arquiteto usavam avião para fazer filmagens e voo seria pago; aeronave não podia fazer táxi-aéreo
Os três passageiros e o piloto morreram após queda em Mato Grosso do Sul. A Olé Produções informou que iria verificar quem pagaria pelo serviço, se seria a empresa ou o chinês Kongjian Yu. Equipe filmava no pantanal do MS documentário sobre 'cidades-esponjas' criadas pelo arquiteto.

O voo com os dois cineastas brasileiros e o arquiteto chinês mortos em um acidente aéreo, na terça-feira (23), no Pantanal de Mato Grosso do Sul seria pago, informou a Olé Produções, responsável pelo documentário que estava sendo gravado na região. A aeronave que caiu não tinha autorização para oferecer serviços de táxi-aéreo, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Morreram na queda Luiz Ferraz, sócio e documentarista da Olé Produções; Rubens Crispim Júnior, diretor de fotografia; o professor e arquiteto chinês Kongjian Yu, e o piloto Marcelo Pereira de Barros, dono do avião de pequeno porte que não conseguiu pousar na pista da Fazenda Barra Mansa, na zona rural de Aquidauana.
“Ele [avião] estava a serviço do transporte daquelas pessoas que iam fazer as filmagens”, disse nesta quarta-feira (24) ao g1 Thomas Miguez, produtor-executivo da Olé, que busca informações sobre o valor acertado e como seria o pagamento. “Eu precisaria confirmar se quem ia pagar por esse serviço era o professor ou a própria empresa”.
Apesar disso, segundo a Anac, o Cessna Aircraft de 1958 não estava habilitado para realizar transporte comercial remunerado de passageiros ou cargas. Ele só poderia realizar voos particulares. A aeronave tinha capacidade para quatro pessoas, incluindo o piloto.
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) e a Polícia Civil investigam as causas e eventuais responsabilidades pela queda do avião, que deixou quatro mortos.
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A sede da Olé fica em São Paulo. A empresa tem como sócia Gal Buitoni, companheira de Luiz e produtora executiva. Rubens prestava serviços à produtora e era casado com a estilista Helo Faria. “Estão devastadas com a tragédia”, informou Thomas sobre elas ainda não terem condições de falar com a imprensa.
A Olé e outra empresa chinesa estavam produzindo um filme, que tinha o título provisório de “Planeta Esponja”, com Yu. O chinês é considerado um dos mais importantes arquitetos do mundo.
Ele dava aulas na Universidade de Pequim e era reconhecido internacionalmente pelo conceito de “cidades esponja”. São conceitos inovadores da arquitetura moderna: a criação de municípios desenhados para absorver um grande volume de água dos rios e das chuvas. Evitando assim desastres ambientais.
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“Originalmente é um filme brasileiro. Professor Yu estava muito parceiro e feliz”, disse Thomas, que também era amigo dos documentaristas.
A ideia do filme surgiu em outubro do ano passado. Luiz e Gal foram à China, onde apresentaram o projeto para comissões de arquitetura e empreendedorismo sustentável. Em setembro, Yu veio por conta própria ao Brasil, para participar da Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo.
Arquiteto chinês morto em acidente de avião foi uma das principais atrações na Bienal de Arquitetura de SP 2025
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O arquiteto chinês Kongjian Yu, o documentarista Luiz Ferraz, o diretor de fotografia Rubens Crispim Jr. e o piloto Marcelo Pereira de Barros — Foto: Montagem/g1
“O Luiz teve a ideia para o filme. Era baseada no trabalho e conceitos do professor Yu, desse aspecto das cidades lidarem de maneira mais inteligente com os impactos das mudanças climáticas”, afirmou Thomas.
Ao chegar ao país, o arquiteto quis conhecer alguns locais. “A viagem para o Pantanal foi ideia do próprio professor Yu. Era importante para o trabalho dele. Luiz ajudou a organizar essa viagem”, contou o representante da empresa.
No último sábado (20), Luiz, Rubens, Yu e mais dois profissionais contratados pela Olé _um operador de som e um assistente de câmera _saíram em um voo comercial de São Paulo para Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. De lá, seguiram de carro até o Hotel na Fazenda Barra Mansa, em Aquidauana.
“A ideia era visitar a região por quatro dias e captar imagens para o documentário”, falou Thomas.
Como só cabiam três passageiros dentro da aeronave _além do piloto_, Marcelo realizou 12 voos com a equipe da Olé, segundo membros da empresa que presenciaram o acidente.
“No voo final o sol já estava se pondo e a pista não tinha iluminação”, disse Thomas sobre o que ouviu dos amigos da empresa que não embarcaram no avião. “O piloto tentou aproximação, desistiu e arremeteu. Logo depois que arremeteu, caiu. O avião pegou fogo assim que caiu”.
Fonte: G1