CV E PCC – Mauro Mendes afirma que avanço do crime organizado é culpa das leis brandas
O avanço do CV em Mato Grosso aponta uma estrutura como uma máquina de poder paralelo. A facção conseguiu, de 2014 a 2020, elevar o número de integrantes em 1.150%, chegando a 10 mil batizados

G1-MT
Mato Grosso passa, atualmente, por um acirramento de mortes por conta de uma guerra entre facções criminosas, inclusive dentro dos presídios. Investigações apontam uma briga interna no CV, ao mesmo tempo em que travam uma disputa com os poucos membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) que atuam em Mato Grosso. A população viu, nos últimos seis anos, o Comando Vermelho crescer em mais de 600% em Mato Grosso, por conta disso acreditam que as Forças de Segurança subestimam a organização criminosa e sua expansão dentro do estado.
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Mauro Mendes informou que espera a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) divulgar o resultado final do concurso público, para começar a convocar os policiais aprovados. Frisou que tem equipado os policiais, reformado e construído presídios. Mas que, não adianta a polícia prender, e o criminoso ser solto por conta das leis brandas do Brasil. Destaca, porém, que não é culpa dos juízes e desembargadores, mas sim das leis.
“Hoje, um policial prende, e enquanto a policia está preenchendo os papéis relativos a prisão, o bandido já está solto. Quem tem o poder é o Congresso. E se continuar assim, as facções vão se espalhar, não só em Mato Grosso, mas no país inteiro por conta da legislação”, disse.
Avanço do Comando Vermelho
O avanço do CV em Mato Grosso aponta uma estrutura como uma máquina de poder paralelo. A facção conseguiu, de 2014 a 2020, elevar o número de integrantes em 1.150%, chegando a 10 mil batizados. Na Operação Grená, deflagrada em 2014, eram apenas 800 membros. Anos se passaram e, em 2016, o Estado teve que reconhecer a existência da facção, quando os atentados, também denominados “salve geral”, ordenados de dentro dos presídios, pegaram Mato Grosso de surpresa e causaram pânico na população.
PF-MT
Operação Dissidência em Sorriso mira facção criminosa
Dois anos depois, em 2018, com uma operação intitulada Red Money, a segurança pública descobriu que, o antes insignificante CV já era uma corporação com pelo menos 6 mil faccionados. A escalada continuou e, atualmente, este número saltou para 10 mil.
Neste cenário de crescimento, a facção mantém a hegemonia no controle de bairros e ruas em mais de 95% dos municípios mato-grossenses. Menos no Nortão, onde ainda não está bem estabelecida, uma vez que certas regiões de lá sofrem influência do rival PCC – Primeiro Comando da Capital.
Mas, como um grupo inicialmente tão pequeno conseguiu crescer tanto e ter o domínio do tráfico de drogas em Mato Grosso e, inclusive, o controle terrestre da fronteira entre o Estado e a Bolívia? Com uma “ética própria”, o CV vem expandido negócios e, no momento, em Mato Grosso, usa de “diplomacia” para não confrontar tanto com as Forças de Segurança.
Além das lideranças de alto escalão, a facção ainda se divide em responsáveis regionais, municipais e por bairros. Cada filial é autônoma. Neste contexto, o grupo possui uma linha direta, um disciplina de bairro, disciplina de rua, madrinha de batismos, entre outros. Assim, segue criando um outro Estado, um Estado paralelo.
Essa estrutura também ocorre dentro dos presídios. Cada raio tem o seu “disciplina”, que acolhe as demandas dos filiados. Mas, para fazer a “voz” de dentro se valer do lado de fora, cada bairro, cidade do interior, tem o chamado “sintonia”. É ele quem passa as ordens de dentro dos presídios para fora deles.
Fonte: RD News