Nova frota: Há um ano ônibus estão sob sol, chuva e poeira
População rondonopolitana padece com transporte coletivo enquanto novos ônibus continuam expostos às intempéries

Mesmo com a população sofrendo com a pouca disponibilidade de linhas e de veículos do transporte coletivo, os novos ônibus adquiridos pela Prefeitura continuam parados e largados ao tempo, se desgastando e se depreciando. Neste mês de março faz um ano que os primeiros 22 veículos chegaram na cidade. Além do óbvio prejuízo à população, que poderia estar contando com ônibus novos e com ar-condicionado, esses veículos parados podem até estragar nesse período sem uso, o que certamente vai gerar novos prejuízos financeiros para a municipalidade.
Essa frota de novos ônibus para o transporte coletivo foi adquirida após o prefeito José Carlos do Pátio (SD) decidir municipalizar o serviço, depois de várias tentativas de licitar a concessão para uma empresa privada. Como não haviam interessados e como a concessão da Cidade de Pedra já estava vencida desde abril de 2014, sendo renovada de forma precária por várias vezes consecutivas, a decisão pareceu ser uma saída para o problema.

A Prefeitura anunciou, então, a aquisição ao todo de 50 novos ônibus, que comporão a frota da nova Autarquia Municipal do Transporte Coletivo (AMTC), sendo que 22 chegaram em março de 2021, 14 chegaram na semana passada e com previsão de mais 14 até este fim de semana. O investimento previsto pelo Município na aquisição da frota de ônibus é de R$ 22,6 milhões.
Nisso, chama a atenção que o primeiro lote, de 22 ônibus mais novos e confortáveis, está parado no pátio da empresa Cidade de Pedra, ao relento, enquanto a população sofre com a pouca disponibilidade ônibus e de linhas. A Prefeitura não informou para onde foram levados os outros veículos que chegaram neste ano, não dando para verificar as condições em que estão sendo guardados.
O fato evidencia ainda uma demonstração inequívoca de falta de planejamento, de aquisição de veículos antes da criação, aprovação e estruturação da autarquia municipal. Assim, um patrimônio da população, de dezenas de milhões de reais, fica sem uso enquanto a população carece justamente desses novos ônibus. Além disso, essas máquinas não foram projetadas para ficarem paradas.
Depois de ficarem parados por um longo período, quando esses ônibus forem ser ativados novamente, eles terão que passar por uma revisão completa, envidando em custos, o que não seria necessário se fossem usados assim que chegassem na cidade. Também terão que ter todos os óleos e fluídos trocados, isso é, na melhor das hipóteses, pois podem apresentar defeitos na sua parte elétrica e nos injetores, ou até algo mais grave, sendo que tudo isso pode gerar novos gastos.
AUTARQUIA
A Prefeitura anunciou recentemente que toda a parte legal envolvendo a criação da autarquia que cuidará do transporte coletivo já foi vencida e que ela já obteve inclusive o seu CNPJ, mas ainda assim não há uma data prevista para entrar de fato em funcionamento.
Esse é outro fator que chama a atenção, pois o normal e natural seria que todo o trabalho tivesse início justamente pela criação da autarquia, na nomeação de uma diretoria, no feitio de um estudo de viabilidade do serviço, para ao final serem adquiridos os ônibus e contratado os motoristas e demais trabalhadores necessários para colocar toda a estrutura para funcionar.
Mas, ao invés disso, a Prefeitura começou justamente pelo final, ou seja: primeiro comprou os ônibus, para depois cuidar de toda a parte de criação da autarquia para gerenciá-los. Enquanto isso, as dezenas de novos ônibus ficam largados ao tempo, se depreciando, enquanto aqueles que dependem do transporte coletivo sofrem com os ônibus velhos e a pouca oferta de linhas.